Artigo

Revisando o Julgamento de Sócrates

      A busca pelo princípio constitutivo de todas as coisas ocuparam a mente dos primeiros filósofos. O chamado arché panton foi objeto das mentes brilhantes dos pré-socrásticos, iniciando com Tales de Mileto. Tales dizia ser a água o arché panton. Anaximenes o Ar e Anaximandro um princípio informe e infinito, chamado de ápeiron. Durante os próximos cento e cinquenta anos, os filósofos tatearam neste nevoeiro até o surgimento de Heráclito, que deu uma nova conotação para o universo visível.
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Gilles Deleuze: Platão, os gregos

      O platonismo aparece como doutrina seletiva, seleção dos pretendentes, dos rivais. Toda coisa ou todo ser pretendem a certas qualidades. Trata-se de julgar sobre o bem-fundado ou sobre a legitimidade das pretensões. A Idéia é posta por Platão como o que possui uma qualidade primeiro (necessária e universalmente); ela deverá permitir, graça à provas, a determinar o que possui uma qualidade em segundo, terceiro, segundo a natureza da participação. Tal é a doutrina do julgamento. O pretendente legítimo, é o participante, aquele que possui em segundo, aquele cuja pretensão é validada pela Idéia. O platonismo é a Odisséia filosófica que continua no neoplatonismo. Ora ele afronta a sofística como seu inimigo, mas também como seu limite e seu duplo: porque ele pretende a tudo ou a não importa o que, o sofista arrisca fortemente a embaralhar a seleção, a perverter o julgamento.
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A História da Enchente e a Idéia de Destino.

         Fazer uma análise filosófica e histórica sobre as cheias dos rios, o que na verdade envolve hoje a realidade de sofrimento de muitas pessoas vitimadas por esse tipo de fenômeno, pode parecer à primeira vista sinal do maior egoísmo e individualismo, um ponto de vista míope de quem só é capaz de ver a beleza do volume excessivo de águas encobrindo vales onde com certeza não se localiza a residência de sua família em particular. Houve todavia um tempo em que as enchentes eram até esperadas com ansiedade, como aquelas do rio Nilo no Egito ou dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, cujo nome significa justamente “entre – rios” (meso + pótamos). É que as cheias levavam novos nutrientes para a terra agriculturável.
         Hoje a idéia comum sobre as enchentes é que a natureza estaria respondendo à irresponsabilidade humana em sua falta de cuidado e desrespeito ao meio ambiente. A questão se reveste então de caráter ético e carrega uma crítica histórica que passa a colocar em dúvida o valor real de todo o caminho traçado pela ideologia racional de progresso como desenvolvimento fatal do homem, um ideal que teria começado no século XVIII (filosofia das luzes) ou mesmo no século XIV (renascimento ou transição da Idade-média para a Idade-moderna).
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Moral sadia

       O termo “moral”, que significa originalmente costume seguido pela maioria de uma dada sociedade, tem atualmente conotação embelezadora. “Imortal” não é um sujeito que se recusa a seguir determinados costumes, (por exemplo: usar gravata), mas um sujeito que comete atos feios. E muitas vezes tais atos têm a ver com o sexo. Isto porque os costumes relativos ao sexo são os mais embelezados. O termo “saúde”, que significa originalmente “salvação”, passa a significar algo como “normalidade”. “Moral sadia” é, pois, atualmente o modelo para um comportamento, (principalmente sexual), que espelhe da maneira mais perfeita possível o comportamento normal da sociedade. É que o comportamento médio da sociedade é considerado ideal e norma.

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Paul Ricoeur: Entre a Crítica e a Convicção

         Paul Ricoeur (1913-2005) é reconhecido como um dos maiores nomes da Filosofia da segunda metade do século XX e dos inícios do século XXI. Trata-se de alguém que, a partir da fenomenologia, soube dialogar com as mais variadas correntes do pensamento filosófico de seu tempo, elaborando uma reflexão cada vez mais autônoma, de cunho hermenêutico. Além disso, não descartou em sua vasta produção intelectual o que chamou de fontes não-filosóficas da Filosofia, como o mito, a poesia, a religião, as conquistas da psicanálise. Sobretudo, interessou-se pelo fenômeno da linguagem, particularmente em sua forma narrativa; pela hermenêutica do símbolo que, em sua famosa sentença, sempre donne à penser; pelo problema/mistério do mal em suas várias conotações; por questões contemporâneas, em que se destacam aquelas políticas.
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Bergson e a Mística Ocidental e Oriental

         No capítulo terceiro de sua obra Les Deux Sources de la Morale et de la Religion¹ em que Bergson trata da “Religião Dinâmica”, ele compara o misticismo oriental com o misticismo grego, tratando sobretudo das suas diferenças de origem e da subseqüente divisão entre cultura ocidental e oriental com as aproximações entre as duas tradições culturais. Estabelece-se uma distinção entre o que se considera “místico” e o que seria a experiência psíquica interior em si mesma. Místico seria relativo à abordagem e julgamento que se faz da “experiência psíquica em si” após seu sucesso, já com uma conotação religiosa e em contraposição a ação diuturna comumente levada no mundo exterior.
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Toda NUDEZ Será castigada

      Ontem ao ver uma reportagem de uma emissora de TV, que entrevistava Lindembergue no caso Eloá, o rapaz estava nu. Dizia ele que se pudesse voltaria no tempo, muito antes do ocorrido. Sua intenção era ficar o maior tempo possível em companhia da garota, visto que não se entendiam por ciúmes um do outro, segundo ele. Ao terminar a reportagem fiquei entre um drama shakesperiano, a peça teatral de Nelson Rodrigues, Toda nudez será castigada ou a minissérie de Euclydes Marinho, Quem ama não mata. Se a arte imita a vida, optaria por Toda Nudez será Castigada. Ele, Lindembergue nu na prisão, e os valores familiares algemados atrás dele, despido destes valores, será castigado. Porém, uma pequena lacuna neste entendimento. E quem não se encontra nu diante dos holofotes, no episódio do pai de Eloá e tem atrás de si uma história de morte?Só restou Quem Ama não Mata. Não somente mortes passionais, como é o caso da minissérie. Morte por interesses. Entretanto não foi arte. É a vida e deveria ser bonita.

Ó beleza! Onde está tua verdade?Willian Shakespeare


[Sueli da Silva Pareto]
2º Período de Filosofia

Ensino

       Uma das diferenças entre animais e o homem é está: os animais transmitem de geração para geração apenas informações genética, já os homens também transmitem informações adquiridas. Um dos métodos de tal transmissão é chamado “ensino”. A geração transmissora, (o professor), comunica à geração receptora, (ao aluno), os métodos de comportamento e de conhecimento, (os “valores” e as “teorias”), acumulados ao longo da história da humanidade, e enriquecidos por todas as gerações participantes. Pois o ensino, como tanta outra estrutura atual, está em crise.

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Pouso Alegre é Brasil

         Quase matei o cara. Uma distração ao volante. Graças a Deus puxei a direção no último instante. Suficiente para ver, na imaginação, o ciclista lançado sobre a guia para dentro da Lagoa da Banana. Talvez não seja um bom projeto a pavimentação de um amplo calçadão junto à Avenida Airton Senna, pois um motorista distraído com a paisagem poderia com facilidade avançar sobre os pedestres esportistas que estivessem fazendo ali o seu cooper.
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