Arquivo de março 2012
Sobre o Ateísmo Contemporâneo
30/03/12
Em nossos dias, vemos a perda do valor da dignidade humana estampada – e até promovida – pela mídia. Ora, esse contexto, como um círculo vicioso, decorre do afastamento em relação ao divino e faz com que maior se faça essa distância. Há uma indiferença que anda lado a lado com a instrumentalização do sagrado: Deus é mercadoria. Isso tem colocado o ateísmo, em suas várias formas, como um fenômeno social de massas. Por seu lado, o pensamento religioso sério procura analisar o ateísmo buscando as suas causas e argumentos. Essa compreensão é fundamental para se dar uma resposta eficaz a esse modo de pensar sobre Deus e contrapor-se a ele, argumenta-se.
Mais >
Razão e Fé: Da Oposição à Complementação
28/03/12
Há fundamento em se dissociar fé e razão? São elas características opostas ou complementares da compreensão humana? Questões sempre antigas e sempre atuais que provocam debates acalorados em todos os âmbitos da sociedade. Recentemente, o desenvolvimento alcançado pela biogenética e as tentativas de provar a existência de Deus em laboratórios, têm reacendido o debate sobre o tema em nível mundial. Em artigo de 2001, a revista Veja já informava sobre as tentativas de cientistas de romper as fronteiras entre fé e ciência:
Mais >
A Crítica à Cristandade em Nietzsche e Kierkegaard
27/03/12
VALLS, L. M. Álvaro. Sobre as críticas ao cristianismo e à cristandade em Nietzsche e em Kierkegaard. Síntese, Belo Horizonte, v. 34, n. 110, 2007, pág. 387-409.
O texto que segue é a resenha crítica do artigo Sobre as críticas ao cristianismo e à cristandade em Nietzsche e em Kierkegaard, de Álvaro Valls, publicado na revista Síntese, em 2007. Álvaro L. M. Valls nasceu em Porto Alegre em 1947. Possui graduação em Filosofia na Faculdade Nossa Sra. Medianeira (1971) em São Paulo, Mestrado na Universitat Heidelberg (Alemanha, 1977) e doutorado na mesma universidade. Professor Adjunto aposentado de Filosofia da UFRGS, atualmente é professor titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: Kierkegaard, socratismo, filosofia dinamarquesa, ética, Nietzsche e ironia. Já publicou artigos sobre temas filosóficos e educacionais. Em seu texto, o autor fala dos pontos comuns entre as críticas que Nietzsche e Kierkegaard fazem à cristandade, afirmando que, por bases diferentes, ambos os filósofos condenam o que chamaram de falso cristianismo.
O século XIX foi o século das críticas à religião: herdeiros do Iluminismo, os autores desse período – notadamente Marx, Freud e Nietzsche – foram as raízes do niilismo do século XX. Contudo, menos conhecida, mas não menos áspera é a crítica do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard à prática religiosa comum em seu tempo e que, na sua visão, não correspondia aos ditames do Cristo. Segundo Valls, os irônicos ataques do filósofo à cristandade podem ser vistos até mesmo como mais ferozes do que os nietzschianos.
Mais >
Entendendo o Conceito de Classes Sociais em Marx
26/03/12
SANTOS, Theotonio dos. Conceito de classes sociais. Petrópolis: Editora Vozes, 1982.
Faz-se aqui a resenha do livro Conceito de classes sociais, de Theotonio dos Santos, lançado em 1970, em espanhol, e traduzido ao português em 1982 por Orlando dos Reis, sendo, no Brasil, publicado pela editora Vozes. Graduado em Sociologia, Política e Administração Pública pela UFMG, o autor possui mestrado em Ciência Política pela UnB, e dois doutorados em Economia por notório saber, sendo o primeiro concedido pela UFMG em 1985, e o segundo pela Universidade Federal Fluminense, em 1995. Ex-professor da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, na França, da Fundação Getúlio Vargas, da Ritsumeikan University, do Japão, da PUC/RJ, e da Universidade Nacional Autônoma do México, entre outras, o autor é ainda pesquisador do CNPq, professor da Universidade Federal Fluminense, colaborador e consultor da UNESCO e diretor de uma dezena de instituições espalhadas pelo mundo. Com mais de 30 livros publicados e dezenas de artigos, Theotonio dos Santos é um dos maiores nomes mundiais das áreas da Sociologia e da Economia.
Mais >
o Meio-Termo como Virtude no livro IV da Ética a Nicômaco de Aristóteles
07/03/12
Como um desdobramento dos livros anteriores, no Livro IV da Ética a Nicômaco, Aristóteles coloca a virtude ética como a aquisição da medida justa entre dois extremos. Para ele, a virtude está sempre em fazer a coisa justa no momento e do modo oportunos. A ética do meio-termo é, pois, o tema central tratado neste livro, que o autor explicita e exemplifica falando, de início, da liberalidade, que é o meio-termo entre a avareza e a prodigalidade.
Mais >
O Lugar da Metafísica no primeiro e no segundo Wittgenstein
07/03/12
O pensamento de Wittgenstein é conhecido por ser o atestado de óbito da metafísica. A postura da impossibilidade de se falar de metafísica manteve-se nas duas fases de seu trabalho. Pretendo aqui explanar brevemente sobre o porquê da suposta condenação à metafísica no primeiro Wittgenstein e, ao mesmo tempo, discordar dela, pelo menos em parte.
Mais >
Considerações Sobre Ser o Não-ser Contemporâneo
07/03/12
Tous ces défauts humains nous donnent dans la vie
des moyens d’exercer notre philosophie.
Molière
Descartes dizia que “não filosofar é viver cego”. Essa pequena-grande frase explica brilhantemente o viver do homem contemporâneo que se pretende globalizado, onipresente e onisciente, mas que, na verdade está isolado e perdido de si. É um homem cego, que já não se encanta nem se assombra com nada. O mundo precisa reaprender a estranhar e a estranhar-se. Vivemos uma época em que a contemplação não tem lugar, o admirar-se já não ocorre. É um tempo de esgotamento, de insatisfação e descrença no futuro.
Mais >