Quarta-feira de cinzas
Você já parou para pensar por que escola de samba se chama escola de samba? Se é escola, é por que ensina algo; mas ensina o quê? Samba? Como diria Nelson Rodrigues, isto é o óbvio ululante. Mas é só isso que a escola de samba ensina? Ou ensina também uma ética, uma estética e uma identidade comunitária? Um modo de compreender a polis, de se posicionar e agir em relação a ela, modificando-a? Penso que isso e mais alguma coisa. Ensina a diferença entre ensinar samba e ensinar a sambar; o que nos conduz à clássica pergunta, agora dirigida à nossa própria escola: ensinar filosofia ou ensinar a filosofar.
A propósito de escolas de samba e de escolas de filosofia, tracemos um outro paralelo. Uma vez por ano as escolas de samba realizam a sua virtude, a sua excelência; o seu desfile de carnaval, a expressão máxima de seu Ser no seio da polis. Outrossim, nós, enquanto comunidade escolar, acabamos de vivenciar este mesmo momentum, durante a realização de nossa III Jornada de Filosofia, janela que se abre para participação da comunidade e na comunidade. Espaço de reflexão e discussão, oportunidade de excelência que procuramos aproveitar agora, e mais a cada vez. O que me remete ao título dessa reflexão. No apagar das luzes, em plena quarta-feira de cinzas, começa a nascer o próximo desfile de carnaval. Durante um ano inteiro ele é vivido; na escolha do enredo, na preparação de alegorias e fantasias, nos ensaios de quadra, onde o samba é aprendido e testado, ou seja, é todo um processo que exercita aquela virtude que culminará no próximo desfile. Pensamos (digo pensamos por que compartilho o pensamento com outros colegas) que a exemplo das escolas de samba também podemos viver o nosso próximo “desfile” desde já, começando pela escolha de um tema que envolva e provoque a participação da comunidade, não só no momento final da IV Jornada de Filosofia da FACAPA, mas durante todo o processo de preparação, em que a escola pode transpor seus muros e atuar diretamente na polis, em um esforço de investigação, compreensão e participação. Seriam os nossos “ensaios de quadra”. Poderíamos com tempo suficiente, planejamento adequado e o esforço conjunto de corpo docente e corpo discente, buscar recursos para trazer palestrantes de projeção ligados ao tema em questão, preparar uma estrutura formal e física que facilite e incentive o acesso e a participação de quem se interessa pelo evento, propor formas de interação que criem um espaço de exposição e discussão de outros setores da comunidade que não a nossa. Enfim, assim como as escolas de samba, que lotam as arquibancadas de pessoas que lá estão para sambar e cantar, podemos também encher as nossas salas de cidadãos no exercício de pensarem a si mesmos e o mundo em que vivem.
Veja bem, não cabe aqui uma crítica ao que já foi realizado, antes cumpre-me demonstrar meu interesse por algo que considero excelente e para o qual desejo mobilizar o máximo de minha energia, para que o todo alcance o melhor resultado possível, porém, o que aqui foi posto, são apenas conjecturas, e como tal devem ser tratadas e discutidas, se for o caso. Por isso aproveito-me deste espaço, que é antes de tudo um espaço de diálogo, para lançar estas idéias e convidar quem se interessa, a discuti-las.
Antes porém, de encerrar, gostaria de sugerir uma proposta de discussão de tema para a nossa próxima jornada; proposta essa que foi sugerida por alguns colegas e confesso acendeu meu interesse, pois creio, vá de encontro ao que foi exposto. A saber: a inter-relação entre arte e filosofia. Primariamente por que a nossa cidade é um pólo de produção de arte, e principalmente por que a arte em si é uma forma natural de manifestação humana que não está restrito à mídia, o que nos permitiria tanto o mergulho quanto a captação do interesse coletivo levantados por essa reflexão.
A quem interessar possa…
Mauricio Almeida – 08/10/2008
Segundo período de Filosofia
há 16 anos atrás
E veja Mauricio o fazedor de palavras (=
Essa foi à segunda vez que participei da Jornada de Filosofia, sendo a ultima mais intrinsecamente ativa, percebendo o quanto ela pode ser abrangente na idéia de trazer a população para dentro dos muros da faculdade.
Sou um entusiasta do novo tema que citou, creio que com a Arte poderemos fazer algo diferente do que foi feito até hoje, não só trazer a população para a faculdade mais como levar a faculdade para a população.
A arte é uma das chaves do enigma da experiência e do espírito e tem um peso filosófico que muitas vezes passa despercebido por parecerem contrários, e uma forma de aproximá-las é mediante a linguagem.
No enfoque do tema temos grandes nomes como Martin Heidegger, Sartre, Hegel, Kant, Schopenhauer, Nietzsche, Schiller entre outros.
Heidegger realizou uma profunda investigação sobre a essência da arte, abordando as questões do belo, da linguagem e da verdade, em sua relação com o destino histórico do ocidente, Nietzsche e Arte tinham uma vinculo muito forte e uma das suas frases se tornou celebre “A arte existe para que a verdade não nos destrua.”
Mas longe de toda papagaiada que podemos citar e o mais importante seria a intervenção urbana, o fazer refletir sobre ponto de vista diferente e o “fazer” descobrir novos caminhos.
Quem sabe vislumbrar a fina linha entre Arte e Filosofia, assim termino com Cézanne que dizia: “Eu sou a consciência da paisagem que se pensa em mim.”
há 16 anos atrás
Considero uma boa idéia essa de tratar de Filosofia e Arte na Jornada de 2009, se for realmente do interesse da direção da FACAPA. A questão da aproximação entre as matérias, no entanto, deve ser meditada. Uma coisa é “Filosofia da Arte”, disciplina já bastante instituída (estética);e outra é a relação da Arte com a Filosofia (a literatura, como já vimos, deve ser considerada uma forma de arte).
Fazer os devidos vínculos entre a Arte e a Filosofia requer a participação de “artistas” ou “filósofos” que tenham as duas matérias como campo simultâneo de trabalho.`As vezes o estudante de filosofia, com uma visão mais direcionada ao aprendizado estrito dos filósofos e da história da filosofia, mas sem uma vivência ampla no campo da cultura, pode não encontrar facilidade para estabelecer imediatamente os vínculos entre uma determinada manifestação artística e a Filosofia. Então isso requer uma adequada habilidade da parte do palestrista convidado para que nenhuma das duas matérias seja sacrificada. O especialista em Artes acaba sacrificando a Filosofia e o especialista em Filosofia acaba sacrificando a Arte.
Por outro lado, considero que uma jornada de Filosofia com a forma de um grande evento cultural pode ser muito útil e adequado ao espaço que a FACAPA dispõe e principalmente às necessidades do corpo discente. Não vejo como pensar com consciência, diferente do que fazem os papagaios, sem uma inserção positiva da pessoa no seu meio e tempo cultural. Por isso refletir sobre o contexto da cultura (modo de vida e tradição) em Pouso Alegre parece fundamental para que o pensar filosófico encontre por aqui um futuro sólido. Acredito que só há verdadeira filosofia a partir de um forte vínculo com a pólis, o que é sempre salutar.
Ainda podemos considerar que a Arte pode ser válida para aproximar a Filosofia enquanto especulação racional aos sentidos e à criação como agir consciente e representação ampla das idéias.
Vale a pena pensar sobre esse assunto e inclusive poder-se-ia organizar um grupo de estudos em filosofia e arte, a fim de preparar campo e amadurecer conceitos.
Paulo Araújo.
há 16 anos atrás
Realmente o caminho do meio para o Palestrante é essencial para que não se torne um “Samba” de uma nota só.
Creio que por isso, decidir o tema, seja Arte ou qual outro for é importante para um planejamento mais especifico e detalhado, visando claro a busco de empenho de todos os alunos do curso.
Escolhe os palestrantes, procurar apoio cultural e tratar da divulgação de uma forma mais ampla. Já que tudo isso é um pouco mais complicado do que parece.
A idéia dos grupos de estudo voltado ao tema é perfeita, uma outra seria dois palestrantes juntos demarcando pontos diferentes ou algo assim.
No mais temos que florescer idéias.
(=
há 16 anos atrás
Pois bem, o que é a arte? O que é a FILOSOFIA? Hoje em dia vemos todos os temas como se fossem indiferentes, e procuramos tentar ter domínio sobre cada um. Todos os temas vieram da filosofia, são parentes distantes, mas tem como iniciação por ela. Temos que desmascarar o mito do significado filosofia e ampliar a visão das pessoas, pois qualquer tema pode ser enquadrado com ela. Filosofia não é só estudar os filósofos como muitos pensam, filosofia é arte, é poesia, é um sentimento é a arte de pensar. E Por que cargas d’água não podemos ampliar a filosofia; e como um filho pródigo volta ao pai, trazer a arte a sua origem, a filosofia. E em fim mostrar aos olhos do povo não somente a filosofia limitada que todos desconhecem conhecendo um pouco do que lhes chegam ao ouvido. Mas sim apresentar algo que sempre existiu, que sempre enxergamos, que sempre ouvimos, mas também que sempre fingimos não considerar como existente, mas também que fingimos ver e por fim que fingimos ouvir. Então prepare as trombetas e LET THE SHOW BEGIN…
há 16 anos atrás
HUUUMM… Ótima idéia é, de uma jornada filosófica, onde a filosofia e a arte se encontram. Penso neste evento como “a” interação da faculdade católica, com outros cursos, acadêmicos ou não, e também com a comunidade. É importante que as pessoas que não têm contato com a filosofia, saibam de que se trata tal disciplina. E juntamente com a arte e todo um enredo cultural,creio ser esta, a melhor forma de chamar as pessoas para esse contato.
Sem mencionar como seria maravilhoso tal evento: pinturas, poesia, teatro, arte circense, comunicações, seminários, exposições…
Bom, nem precisa dizer que sou mais do que a favor do tema “Filosofia e Arte”.
É isso aí pessoal! Não deixem de coloborar com suas opniões e eu fico aqui na torcida de que no ano de 2009 em nossa semana filosófica façamos ARTE!
Beijos.
há 16 anos atrás
A arte já é bela por si só, mas fomentar um encontro onde a arte se mistura a filosofia, ou a filosofia explique a forma de arte seria ideal. Não pelo pólo de produção de arte, mas sim pela grandeza e novidade do tema, e a forma de como aborda-la.
Por que não falar da arte na filosofia? Ou mostrar de forma artística a filosofia do homem?
Minha torcida também está nesse tema!