Em que pensa Pablo Neruda enquanto deita sobre o filósofo Maurílio Camello seu melhor olhar metafísico? Talvez pense sobre este curioso ser, instado e tolhido pela própria racionalidade a buscar uma verdade que lhe escapa, mas está lá. Pablito (para os íntimos) ou Bito (para os amigos de longa data, como é o caso do filósofo) talvez se recorde das palavras de Aristóteles sobre a sabedoria ao fixar seus astutos olhos felinos em seu companheiro de jornada, ali mesmo em volta de seu computador, onde o vê preparar suas aulas, entre eurekas e profundas meditações, por vezes acompanhadas de expressões pouco doutas, mas de uma precisão absoluta. Ali, fora do tempo e do espaço a dialogar carinhosa e animadamente, vividamente com aqueles que vem segredar a seus ouvidos alguns dos mistérios que buscamos entrever, a extrair da vida e devolver a ela a virtude do verdadeiro “sabedor” que distingue os filósofos dos apenas professores de filosofia; a preparar encontros como aquele do qual tivemos o privilégio de participar na Faculdade Católica de Pouso Alegre, em sua aula magna proferida para o curso de Filosofia no dia 06 de fevereiro de 2009. Encontro que foi bem além da oração de sapiência; foi magistral, na acepção mais estrita do termo, logrando seu intento de ensinar apenas aquilo que precisamos saber.
      Caro mestre Maurílio, oxalá possamos trilhar caminhos tão férteis quanto os que sustentaram seus passos e cheguemos a saber que não sabemos ao menos uma parte do que o senhor sabe que não sabe. Agradecemos pela inspiração.


Mauricio Almeida
Terceiro Período de Filosofia