Artigos com o marcador Fotos

Foto 4º Dia

Resumo da III Jornada de Filosofia

1º Dia:
Profª. Dra. Olga de Sá
Texto: Primeiro dia…
Diário de Bordo – 01
Fotos Primeiro dia…


2º Dia

Profª. Dra. Mírian dos Santos
Texto: Segundo dia…
Diário de Bordo – 02
Fotos Segundo dia…


3º Dia

Prof. Dr. Lauro Baldini
Trecho: Um lugar – Samuel Beckett
Beckett… Trechos
Texto: Beckett
Diário de Bordo – 03
Fotos Terceiro dia…


4º Dia

Prof. Dr. Renato Kirchner
Poesia – Herberto Helder
Uma espécie de perda – Ingeborg Bachmann
A poesia impede a dissolução dos rostos
O Meu Olhar – Alberto Caeiro
Diário de Bordo – 04
Fotos Quarto dia…


5º Dia

Prof. Giovanni Marques Santos
Era uma vez…
Autopsicografia – Fernando Pessoa
Fotos Quinto dia…


Cursos Breves

TextoA Filosofia na obra de Machado de Assis
Trecho: Hamlet – William Shakespeare
Trecho: De Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis

Comunicações

Fotos Comunicações

Fotos Quinto dia…

Fotos Quarto dia…

Uma espécie de perda

Uma espécie de perda

Usámos a dois: estações do ano, livros e uma música.
As chaves, as taças de chá, o cesto do pão, lençóis de linho e uma cama.
Um enxoval de palavras, de gestos, trazidos, utilizados, gastos.
Cumprimos o regulamento de um prédio. Dissémos. Fizémos. E estendemos sempre a mão.

Apaixonei-me por Invernos, por um septeto vienense e por Verões.
Por mapas, por um ninho de montanha, uma praia e uma cama.
Ritualizei datas, declarei promessas irrevogáveis,
idolatrei o indefinido e senti devoção perante um nada,

(- o jornal dobrado, a cinza fria, o papel com um apontamento)
sem temores religiosos, pois a igreja era esta cama.

De olhar o mar nasceu a minha pintura inesgotável.
Da varanda podia saudar os povos, meus vizinhos.
Ao fogo da lareira, em segurança, o meu cabelo tinha a sua cor mais intensa.
A campainha da porta era o alarme da minha alegria.

Não te perdi a ti,
perdi o mundo.

{Ingeborg Bachmann}, “O tempo aprazado”

Poesia

     ”A poesia tem um papel na cultura, como a matemática e a música. Ela estabelece talvez um plano original no mundo do pensamento e imaginação, plano de síntese das forças espirituais, ponto onde todos os trabalhos do homem, o seu esforço e história, se unificam no súbito conhecimento de uma grande realidade: a vida do ser humano sobre a terra. Considero que todas as formas expressas da imaginação se concluem na verdade poética. O teorema de Pitágoras, a invenção da roda e do parafuso, a descoberta do arado, a ideia da igualdade dos homens, as astronaves, a arquitetura funcional, a revolta contra os tiranos – tudo isso em que a civilização se aplicou, e foi e é um degrau imaginado no percurso para um tempo melhor, encontra a sua beleza ao atingir o poema. E o ofício daqueles que procuram revelar aos homens a beleza dos seus próprios atos não pode ser inútil, porque talvez se não lutasse tão ardente e pertinazmente, se não se possuísse a consciência da beleza da luta. É este papel que, quanto a mim, se destina à poesia. Assim, ela liga-se à história, reflete-a na sua forma pura, fulminante.”

{Herberto Helder}
Extrato do artigo Ofício de Poeta, publicado na Revista êxodo – Coimbra 1961.

Beckett

     Pois é! Na falta temporária da nossa amiga Sueli, coube a mim a tarefa de relatar um pouco sobre a conferência “Beckett e a desintegração da linguagem” apresentada pelo Prof. Dr. Lauro Baldini nesse terceiro dia da III Jornada de Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
     Difícil falar sobre alguém que, categoricamente, afirma não ter nada a dizer. Assim se declara Samuel Beckett.
     Mas, como este homem extremamente versátil, que produziu romances, peças, programas de rádio, contos, novelas e até um filme, pode ser associado à desintegração da linguagem? Apesar de não acreditar na palavra, escreveu incessantemente e, com a sua literatura da “des-palavra”, ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1969. Acha paradoxal?

     Pois então leia a trilogia romanesca de Beckett: “Molloy”, “Malone Morre” e “O Inominável”. Ele garante serem correlatas entre si. Talvez o que as une (e isso são considerações minhas) seja a ordem decrescente das mesmas em relação aos elementos. Na primeira, dois personagens. Na segunda, apenas um. Na terceira, o inominável. Não existem tramas, cenários, enredos, heróis… nada. Essa é a palavra: NADA! Beckett gira ao redor do nada de forma tão magistral que, não raro, nós, leitores, nos vemos no centro de suas obras.
     Mais uma vez paradoxal? Claro! O quê você espera de um homem que diz:

“Não tenho nada a dizer, mas somente eu sei como dizer isto.”

Palavras de Beckett…

Escrito por: Ana Flavia – 2º Período de Filosofia

Fotos Terceiro dia…

Beckett… Trechos

O Inominável

“Procurei por todo lado. E todas essas perguntas faço a mim mesmo. Não é por curiosidade. Não Posso calar-me. Não, nem tudo é claro. Mas o discurso tem de ser feito.”

“É o fim que é o pior, não, é o começo que é o pior, depois é o meio, mas depois é o fim que é o pior, essa voz que é cada instante, que é o pior… é preciso continuar ainda um pouco, é preciso continua ainda muito tempo, é preciso continuar ainda sempre…”

“Eu sou em palavras, eu sou feito de palavras, palavras dos outros. Eu sou todas estas palavras, todos estes estrangeiros, esta poeira de verbo. E preciso dizer palavras enquanto elas estão aí (…) é preciso tentar logo, com as palavras que restam.”

“não posso continuar, vou continuar”
“Je ne peux pas continuer, je vais continuer”
“I can´t go on, I’ll go on”
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