Papel do aluno na avaliação é discutido
Após a divulgação do novo indicador, o Índice Geral dos Cursos (IGC), que reprovou um terço das instituições de ensino superior do Brasil, dirigentes de universidades públicas e privadas criticaram o novo sistema de avaliação do Ministério da Educação (MEC). Uma crítica comum, feita por dirigentes, foi em relação ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) que serve como base para o IGC. “Os alunos não têm compromisso com o exame”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (Abmes) Gabriel Mário Rodrigues.
Ele afirmou também que as instituições públicas têm as melhores notas, em média, já que recebem, na maioria, alunos vindos do ensino básico privado. Para a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, os maus resultados não podem ser atribuídos à falta de compromisso dos estudantes, e sim, à desregulamentação do ensino superior brasileiro. “As universidades particulares ainda têm muita liberdade para abrir cursos, sem supervisão e infra-estrutura. O ensino, por sua vez, não tem qalidade. Colocar a culpa nos alunos é um subterfúgio, porque as privadas só estão preocupadas com o lucro fácil”, explicou Lúcia.
De acordo com o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Castelo Branco, Fernando Rangel, os alunos não têm compromisso com a realização do exame porque são mal orientados pelas coordenações das instituições. “A maioria dos estudantes tenta boicotar a prova, achando que vão prejudicar a faculdade. No entanto, ele mesmo está se prejudicando, porque está mostrando para o mercado de trabalho que o curso dele não é bom”, analisou Rangel.
Federal também reclama – De acordo com a pró-reitora de Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Belkis Valdman, pode haver distorções no resultado, quando são avaliadas universidades com realidades diferentes. “Da forma como está sendo feito, uma universidade com um curso de pós-graduação bem conceituado e cinco de graduação com boas notas pode se sair melhor do que uma universidade com muitos mais cursos”, avaliou a pró-reitora. A UFRJ, que ficou na sétima posição no ranking geral, vai propor ao MEC que se faça uma diferenciação em seus critérios, de acordo com o tamanho das instituições. A federal do Rio ficou atrás de instituições menores como a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Por: Carol Vaisman
Folha Dirigida, 16/09/2008 – Rio de Janeiro RJ